quarta-feira, 17 de março de 2010

Estudo da polirritmia no instrumento

Certa vez, quando eu ainda estudava com o mestre Mick Goodrick, conversavamos sobre o futuro da música e, numa palavra de sabedoria, ele me disse algo muito valioso e que mudou a direção do meu estudo, suas palavras foram essas: “Harmonicamente a música já foi muito explorada, porém, ainda existe muito a ser feito na parte rítimica.”
Tendo como premissa essas palavras, estarei fazendo uma introdução a polirritimia, que, certamente, é  um grande arsenal ritimico e um conceito não muito explorado por guitarristas.
Polirritmia não é  um bixo de sete cabeças como algumas pessoas pensam, muito pelo contrário, esse conceito pode ser facilmente aplicado em diversos contextos musicais, seja no Heavy metal, fusion, musica brasileira, jazz ou em qualquer contexto musical ou estilo.
A polirritmia produz a sonoridade de duas ou mais estruturas ritmicas diferenciadas acontecendo simultaneamente.
Esse conceito é vastíssimo e um universo aparte, mas nessa primeira lição estarei falando do uso combinado de duas estruturas simultâneas dentro da semicolcheia.
4 semicolcheias em sequência equivalem a 1 tempo e, se criarmos uma estrura melódica num grupo de 3 semicolcheias, estaremos obtendo uma sonoridade de 3 sobre 4.
Uma semicolcheia que normalmente é agrupada na forma 1234 1234 1234 agora ficará agrupada dessa maneira: 1231 2312 3123 1231 e assim sussecivamente. No exemplo 1 estou usando a escala pentatônica de A menor com o intuito de tornar a idéia bem clara. Uma vez incorporada a concepção na escala pentatônica, é interessante utilizar o mesmo conceito em outras escalas, como no exemplo 2 onde eu utilizo a escala de A menor harmônica (A, B, C, D, E, F, G#) dentro da mesma célula ritimica.
Agora no exemplo 3 utilizo as tríades de F, A-, E- e G que pertencem ao campo harmônico de A- eólio (Relativo ao acorde de C maior). Obervem que agora o efeito polírritmico se torna mais evidente, pois uso um agrupamento de tríades, ou seja 3 notas. No primeiro compasso agrupei as tríades para que possa ser melhor visualizada a idéia, e no compasso seguinte as tríades tocadas de forma melódica aparecem na mesma sequência do primeiro compasso.
A princípio, é necessário que a curva melódica esteja sendo conduzida numa mesma direção, para que a sonoridade paralela seja mais evidente.
Por fim, no exemplo 4 eu uso a mesma concepção de tríades, porém, na direção oposta. É importante frisar que alguma das tríades estão sendo tocadas de forma invertida, para que encaixem melhor no fluir melódico.
Fica aqui uma pequena introdução a esse universo chamado polirritmia, espero que vocês façam bom proveito das idéias. Fiquem na paz e bons estudos.

Créditos: Mateus Starling

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